" A música da Isabel está cheia de palavras, das ainda não ditas, ou daquelas ditas e esquecidas há muito, ou então das que nunca foram nem podem, alguma vez, vir à existência; quero eu com isto dizer “poesia”, a música da Isabel está cheia de poesia. Não no sentido vago de quem diz que os temas são muito bonitos e tocados com sensibilidade,( o que também é verdade, aqui) mas num sentido quase técnico, se bem que sempre um tanto obscuro, que é o da presença da linguagem dentro da própria música, presença da linguagem na sua fase musical, naquela fase em que as palavras ainda são só música. E depois, a música não precisa necessariamente das palavras para ser o que é enquanto música, para alguns, a música é mesmo uma ocasião de fuga para longe desta coisa problemática, carregada de significâncias, de querer-dizeres, de coisas potencialmente perturbadoras. Outros músicos há, para quem as palavras são necessárias, de modo vital. Acho que estes poderiam ser chamados músicos-poetas. É o caso da Isabel. " João Paulo Esteves da Silva Pianista e Compositor
" Apesar de se tratar de uma estreia, a pianista revela desde logo ideias bem definidas. São sete temas originais, um deles a fazer companhia às palavras de Pessoa, juntando-se ainda dois temas tradicionais, um português, outro basco — estes com arranjos particulares. A uma base estável mais ligada ao jazz, Rato tenta injectar na sua música uma certa portugalidade(...) A nível instrumental, além da pianista, bastante forte, destaca-se novamente o saxofone de Desidério. O grupo é globalmente coeso, respondendo bem aos desafios da composição. " Nuno Catarino Crítico de Jazz, in Jornal Público
" Absolutamente belo este disco que Isabel nos traz. Há aqui muita música para descobrir. A cada audição encontramos algo de novo que nos faz voltar uma e outra vez. Está tudo certo, a composição, os músicos, os solos, o som. Não se faz um disco como este sem muita paixão, muita reflexão, muito trabalho e uma inspiração imensa. Tudo isto num primeiro disco. Brilhante. ” Nelson Cascais Contrabaixista e Compositor
" (...) Discos superlativos de portugueses: Isabel Rato, com Para Além da Curva da Estrada (Sintoma) e Lisboa, do LST. O primeiro parte das ideias, do piano e da voz da criadora, em torno de um jazz melódico de quase big band, com toques eruditos e investigação étnica, como se Carla Bley desaguasse na península. " Nuno Rogeiro Jornalista, in Sábado
" Desde a audição do captivante ostinato inicial de Moonsteps que percebemos que Para Além da Curva da Estrada não é apenas mais um disco. Isabel Rato mostra uma maturidade rara para um disco de estreia. É uma obra inteligente e pensada, em que a excelência dos intérpretes é utilizada da melhor forma - são os actores de uma narrativa introspectiva, melancólica e apaixonante. Existe uma enorme diferença entre ser um bom músico e ser um bom artista, no verdadeiro sentido da palavra; alguém que procura, através da arte, transmitir algo maior, mais importante e universal. A Isabel prova, com este disco, que consegue ser ambas as coisas. Seria, portanto, muito redutor classificar a sua música com um género ou com um estilo: é música livre, sincera e profundamente portuguesa. A nossa tradição musical é aqui homenageada de uma forma fresca e honesta, e destemidamente mestiçada com o jazz nas improvisações sofisticadas dos solistas. É igualmente impressionante a inegável qualidade na escrita dos arranjos. Um bom arranjador vive do bom gosto, da transmissão de imagens e sensações, da capacidade de construir uma estética e de conseguir um som de grupo. " Filipe Melo Pianista e Compositor
"Para Além da Curva da Estrada, inicia uma bela e consistente viagem composicional que a compositora e pianista Isabel Rato nos revela agora. Viagem esta que terá iniciado há muitos anos atrás, e muito antes sequer de imaginar que a seguir a esta curva da estrada, onde agora viaja, existirão muitas outras mais que nos levarão a novos lugares poéticos. Nesta jornada, há um som que reconhecemos e que nos faz sentir em casa, paisagens sonoras com influências que nos são tão íntimas, como o embalo ancestral de uma melodia pagã - uma voz que a Isabel parece conhecer tão bem. Importante referenciar a sensibilidade musical dos colegas de viagem que numa perfeita comunicação nos revelam as subtilezas das composições. Vamos seguindo nesta estrada, com imensa curiosidade pelo porvir. " Filipe Raposo Pianista e Compositor
" Como gerir a situação de estar entalado entre a escola e as últimas preparações para a gravação da minha "Banda Larga“ e responder ao pedido da Isabel, de escrever acerca do seu cd? Opto por não escrever sobre tudo à pressa e superficial, mas focar-me naquilo que conta para mim. Num cd, num concerto que gosto costuma haver um momento que tenha alguma coisa de especial para mim, momento que memorizo e interiorizo na 1a vez que oiço. Caso não encontre este momento, isso é um indício que perante aquilo que eu aprecio em música, um cd ou um concerto pode ser uma seca. Bora lá então pôr o cd a tocar, a trabalhar em outras coisas ao mesmo tempo. Rapidamente encontro o "meu tema“ que me cria o interesse pelo álbum todo e pela música da Isabel. Ainda antes de dizer qual é: sinto uma certa sonoridade melancólica neste cd, se "saudade“, tem a ver com melancolia, este cd é muito português, tocado por um grupo de bons músicos, não apenas um conjunto. Mas "Dança Da Terra“ hmmm ….. penso que a Isabel gosta do Hermeto (?), "Milho da nossa Terra“ : Lindo! "Lua Lua“ muito muito bonita a versão..... Quem essa voz de um timbre tão especial? Não oiço quem é! Vejo no booklet, mas é o David: Lars, seu ignorante! Mas Isabel, porque não falar directo para ti: "De mãos dadas“ , arrepiou, foi "amor à 1a escutada“! Num género musical com tendência em celebrar os improvisadores até ao ponto de desligar a consciência por tanta coisa boa que acontece em volta, o meu gosto particular por acompanhamento, variações em termos de timbres e texturas (muito antes de harmonia e do protagonismo da melodia) talvez não seja muito representativo por aquilo que a maioria aprecia em música jazz. Mas neste tema mostraste-me a tua capacidade de interferir na música que escreveste para o teu grupo. Não te limitas a inventar matérias primas. És capaz de encenar e orquestrar as tuas ideias, isso quer dizer que és mesmo "compositora de música jazz“, e não só "compositora de jazz“. Percebes o que quero dizer, certo? " Lars Arens Trombonista e Compositor